Você já se perguntou se ainda existe espaço para você no mercado de trabalho? Depois dos 60, essa dúvida é comum. Muitos sentem que o tempo passou, que o mundo mudou rápido demais ou que ninguém está disposto a dar uma nova chance. Mas e se esse momento, justamente agora, for a hora ideal para transformar sua experiência em contribuição, propósito e liberdade?

Este texto é um convite para você reconhecer sua trajetória e começar um novo ciclo com coragem. Vamos falar de desafios, claro — mas principalmente de possibilidades. Porque trabalho na maturidade não precisa ser sinônimo de esforço sem sentido. Pode ser escolha. Reinvenção. E sim: recomeço.

Durante muito tempo, a lógica era linear: estudar, trabalhar, se aposentar. Mas o mundo mudou. Vivemos mais, com mais saúde, e ainda temos muito a oferecer. O problema é que o mercado ainda carrega preconceitos. A cultura do descarte ronda quem tem mais de 60. E é aí que começa a travessia.

Recomeçar envolve vencer medos reais:

• “Ninguém vai me contratar nessa idade.”

• “Não entendo nada de tecnologia.”

• “Será que ainda tenho algo de valor?”

Esses pensamentos aparecem. Mas não te definem.

Pegue um caderno. Escreva tudo o que você sabe fazer. Liste seus talentos, habilidades aprendidas com a vida, desafios que já superou. Agora pense: o que disso ainda te dá prazer? O que você toparia aprender? O que faz sentido pra você hoje?

Você não precisa dominar tudo, mas pode aprender o essencial. Plataformas como SESC Digital, Sebrae, Senac e universidades abertas à terceira idade oferecem cursos gratuitos, presenciais e online. Comece pelo que te atrai. E vá crescendo.

Também é importante cuidar de como você se apresenta. Um pequeno texto contando sua história. Um vídeo curto com seu jeito real de falar. Um perfil no LinkedIn — ou mesmo um cartão digital para enviar por WhatsApp. Quem se mostra, conecta.

Fale com pessoas próximas. Comente que está buscando algo novo. Troque ideias. Reative contatos. Muitas oportunidades vêm de onde menos se espera — e a sua rede pode ser o seu primeiro trampolim.

Lembre-se: trabalho hoje não precisa ser apenas carteira assinada. Pode ser consultoria, aulas, serviços por demanda, cuidados, produção artesanal, participação em feiras ou projetos online. Há muitas formas de gerar renda e, mais que isso, se sentir útil e em movimento.

Veja o exemplo de Dona Zilda, 68 anos, que começou vendendo bolos feitos para os netos. Postou uma foto no grupo da família e, em pouco tempo, estava recebendo encomendas. Hoje, tem clientela fiel e diz que se sente mais animada do que nunca.

Ou do Seu Carlos, 70, que após a aposentadoria voltou a trabalhar como eletricista autônomo no bairro. Ganhou ritmo, autonomia e está rodeado de novas conexões todos os dias.

Esses são exemplos reais de pessoas que aceitaram o chamado, passaram pela travessia e voltaram com mais clareza e presença. Não é sobre voltar ao que era. É sobre construir algo novo, com quem você se tornou.

Recomeçar não é voltar ao início. É seguir com mais consciência. É aceitar que a identidade profissional pode mudar — e que isso não é fraqueza, é evolução.

Você não precisa provar nada para ninguém. Mas pode surpreender a si mesmo. A maturidade é um tempo de escolhas mais livres. De contribuição com sentido. De fazer valer o que realmente importa.

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